Conhecer Arouca é conhecer o Mosteiro e Convento de Arouca, com mais de 800 anos de história, ponto nevrálgico do passado da região. Mas primeiro temos de enquadrar o testemunho histórico do Mosteiro no desenrolar do contexto religioso em Portugal ao longo dos séculos.
Vamos então começar a viagem ao passado!
Os conventos cistercienses
De uma forma geral, os conventos cisterciense ou beneditos viviam de forma independente da comunidade e deveriam garantir todas as suas necessidades. Poderiam viver nele centenas de membros, de várias categorias, desde que unidos pela obediência ao Abade ou Abadessa. A sua localização era idealizada num local central e fértil e a sua construção simples e funcional. Derivado da casa romana que se dispunha à volta de um átrio, o claustro dos mosteiros protegem e abrigam os membros para se dirigirem à igreja, à cozinha, ao refeitório e abriga os restos mortais de muitos.
Veja neste vídeo uma visita guiada ao Mosteiro de Arouca
Nasce o Mosteiro de Arouca
No caso de Arouca, o seu mosteiro foi o principal polo dinamizador da economia da região durante centenas de anos. Várias fontes dão conta que de o Mosteiro de Arouca foi fundado ainda na 1ª metade do século X. Foi dos mais ricos do pais e pertenceu à Ordem de Cister.
Conheça a seguir a sua cronologia:
Cronologia do Mosteiro de Arouca
- 1ª metade séc X – o mosteiro de S. Pedro e S. Paulo é fundado pelos nobres Loderigo e Vandillo.
- 951 Os proprietários e padroeiros do mosteiro, D. Ansur e D Eileuva doam-no ao abade Hermenegldo. O mosteiro era nesta altura misto.
- Sec XI O mosteiro torna-se feminino com D. Toada Viegas, retirando-se os monges para Cucujães.
- 1132 D. Afonso Henriques concede carta de couto ao mosteiro
- 1217 Entrada de D. Mafalda no mosteiro sem professar
- 1226 D. Mafalda introduz a regra de Cister
- 1256 Morte de D. Mafalda
- 1616 Abertura do túmulo sendo o corpo de D. Mafalda encontrado incorrupto
- 1725 Deflagra um incêndio que consome grande parte do edifício, exceto a igreja
- 1792 Beatificação de Stª Mafalda pelo Papa Pio VI
- 1834 Extinção das Ordens Religiosas. Encerra o noviciado
- 1886 Morte da última freira (D. Mº José de Gouveia Tovar de Meneses). Criação da Real Irmandade da R. Stª Mafalda para preservar o culto da santa
- 1933 Criação do Museu de Arte Sacra com obras de arte recuperadas do mosteiro
- 1935 Incêndio na ala Norte do mosteiro
Mosteiro de Arouca e Santa Mafalda
O Mosteiro de Arouca passou a ter um papel mais preponderante quando D. Mafalda, rainha de Castela, ali viveu entre 1220 e 1256, estabelecendo-se assim uma ligação entre o convento de Arouca e a rainha Stª Mafalda. Filha de Sancho I de Portugal, foi prometida por contrato de casamento a Henrique de Castela em 1215. Após o falecimento deste, com 13 anos, D. Mafalda regressou a Portugal não tendo o casamento sido consumado, embora lhe tenha sido dado o título de Rainha. O seu pai doou-lhe o Mosteiro de Arouca onde se estabeleceu. D. Mafalda contribuiu para uma época de crescimento do mosteiro também porque anexou as tuas terras ao mesmo. D. Mafalda morreu a 1 de maio de 1256 e encontra-se sepultada na igreja do mosteiro de Arouca. D. Mafalda foi beatificada em 1792, sendo que o seu corpo repousa numa urna numa das alas da Igreja do Mosteiro, para onde foi transladada em 1793.
O Mosteiro de Arouca após D. Mafalda
Fruto do seu já histórico peso na vida económica da região do vale de Arouca, no final do século XVII foi reconstruído e ampliado. Em 1725 deflagra-se um grande incêndio e foi por isso novamente reconstruído, tendo sido erigida a igreja, o coro das freiras, os claustros, o refeitório e a cozinha que ainda hoje podemos visitar.
Após a extinção das ordens religiosas, todo o seu património e espólio, objetos de cultos, mobiliário, manuscritos litúrgicos, esculturas, pinturas, tapeçarias passaram para a Fazenda Pública. As freiras que já viviam no mosteiro ali permaneceram até à última delas ter falecido em 1886. O espólio foi transferido para o Museu de Arte Sacra que pode ser visitado.
O que vai encontrar no Mosteiro de Arouca?
A visita começa pelos claustros. Local antigo de passagem segura entre as várias áreas do edifício. Serviam para proteger os monjes, monjas e criados dos acessos à igreja, cozinha, refeitório.
De seguida, ficará a conhecer o grandioso espaço destinado à cozinha e refeitório. Aqui se preparavam as refeições para todo o Mosteiro. Ainda de pé se encontra a enorme pedra que servia de mesa de apoio às confeções culinárias.
A Sala do Capítulo fica no lado oposto à entrada. Uma sala imponente, fria, mas hoje despida de vida à exceção das lindíssimas pinturas das molduras de azuleijo, que ladeavam a abadessa por hora dos julgamentos e reuniões mais solenes. Ali se decidia o presente e o futuro do Mosteiro.
À saída, confrontam-nos inúmeras pedras fúnebres com inscrições do anos de falecimento das freiras. Acompanham-nos praticamente por todo o claustros debaixo das suas pedras graníticas da calçada. Viviam e morriam, portanto no mesmo local.
Dirigimo-nos para a Igreja. Antes, passamos pelos preciosos altares meticulosamente talhados a folha de ouro. Inúmeros os santos e suas vidas representadas que adornam o caminho. Santa Mafalda descansa numa das alas da igreja, por trás do seu túmulo de ébano, vestida de negro.
Chegamos ao centro do Mosteiro: dum lado, a igreja e do outro o espaço de oração outrora percorrido pelas monjas onde assistiam à missa, sentadas ou em misericórdia, separados por enormes grandes que evitavam o contacto e distanciavam as religiosas do mundo exterior.
Esta visão só é mesmo interrompida pelo soberbo e grandioso orgão de tubos, com as suas paredes recortadas pela talha e pintura. Desde 1743 que encanta o cenário litúrgico e inunda o espaço de música solene.
No espaço de oração das monjas, a imponente cadeiral barroco de madeira de jacarandá, com 104 artísticas carrancas esculpidas, rematam este cenário histórico. Aqui se sentavam as religiosas para orar e resolver os assuntos do dia a dia religioso e administrativo do Mosteiro.
Fruto desta vida totalmente dedicada à fé e religião, são inúmeros os artigos de espólio do Mosteiro que foram depositados no Museu de Arca Sacra.
Quando visitar o Museu de Arouca?
Horário:
- Manhã 09:30 – 12:00
- Tarde 14:00 – 17:00
- Encerra à Segunda-Feira
Qual o preço dos bilhetes?
- Adultos – 2,50€
- Terceira Idade – 1,25€
- Estudantes (até 24 Anos) – 1,25€
Localização: Largo de Santa Mafalda / Avenida 25 de Abril, 4540-108 Arouca, Aveiro
Quem visita o Mosteiro de Arouca, também visita o Museu de Arte Sacra
Preço dos bilhetes:
- 3 €
- Grátis até aos 14 anos.
- Estudantes e reformados: €1.50.
- Igreja: Visita livre